Quando crianças, achamos que nada nos atinge! Cair, levantar, quebrar, consertar. Tudo é possível, simples e fácil de resolver. São energéticas por natureza, pequenas almas incontroláveis, corajosas, regeneráveis e felizes!
Ensinar essas criaturinhas a andar de bicicleta (e qualquer outra coisa) é só uma questão de jeito, por vezes às custas de umas lágrimas e arranhões. E quando o aprendizado, por algum motivo, não aconteceu nessa época tão avassaladora e aventureira? Como chegar à fase adulta sem saber se equilibrar sobre duas rodas?
Depois de certa idade já temos mais medos, vergonha e coisas demais na cabeça. Quem pedalou só quando criança acha que não vai lembrar como se faz; quem nunca pedalou na vida acha que vai ser impossível aprender!
Mas eu tenho uma ótima notícia: É POSSIVEL! Bicicletas legais e bem reguladas também facilitam o aprendizado.
Veja essa matéria sobre uma iniciativa bem bacana no Rio de Janeiro
Diante de uma demanda crescente, as meninas do Coletivo Feminino de Ciclistas – Pedalinas – começaram a organizar as Oficinas Aprendendo a Pedalar, com o intuito de fazer com que mais pessoas tenham a oportunidade de sentir os prazeres que a bicicleta proporciona.
Por mais estranho que isso possa parecer, é impressionante o número de pedidos que recebemos de gente interessada em participar desta atividade. Nem eu imaginava que eram tantas pessoas assim! Por ser uma iniciativa inédita (para as Pedalinas), gratuita e que conta com a ajuda exclusiva de voluntárias, pode-se dizer nós aprendemos a ensinar, na medida em que as pessoas aprenderam a aprender.
Uma verdadeira construção de mão dupla, coletivo-colaborativa.
Como eu também participei do processo, gostaria de compartilhar algumas “técnicas” que aplicamos para o sucesso da Oficina. O intuito é que seja replicada, adaptada e que sirva para ajudar mais gente:
1 – Facilita muito ter uma bicicleta menor (sem ser infantil), como as dobráveis ou as femininas, por exemplo. A pessoa precisa se sentir segura e com a sensação de que “está tudo sob controle”.
2 – Ajuste o selim num nível em que seja possível, fácil e rápido colocar completamente os pés no chão.
3 – Comece estimulando a pessoa a deslizar sobre a bicicleta, sem utilizar os pedais (podendo até tirá-los – ou dobrá-los – durante essa etapa), como se fosse um velotrol.
4 – Procure um local com pequenos desníveis, para que dê para pegar embalo sem muito esforço.
5 – O instrutor precisa ficar SEMPRE por perto, segurando e guiando a pessoa pelo canote/selim. Naquele momento é ideal conversar sobre o ponto de equilíbrio do corpo e passar total segurança.
6 – Naturalmente o aluno vai perceber que, para não cair, é preciso pedalar. Quanto mais rápido, mais fácil encontrar o tal “ponto”.
7 – Tente manter um diálogo aberto com seu aluno, sem enganação nem mentirinhas. Não desgrude dele até que ele se sinta mais seguro.
8 – Estimule que ele levante os pés por alguns segundos durante o declive.
9 – Depois de algumas tentativas, re-coloque os pedais ou peça para que ele gire e pare, gire e pare, gire e pare até sentir que a bicicleta não vai capotar como em desenho animado.
10 – Comece em linha reta, apenas, pois as curvas são críticas no começo. Depois que o aluno estiver com mais estabilidade e seguro, comece a fazer curvas bem abertas.
11 – Pedalar, equilibrar, passar marchas, ultrapassar obstáculos e usar os freios são tarefas aparentemente complexas para serem feitas no começo. Vá com calma. Um passo de cada vez.
12 – Procure soltar o selim do aluno aos poucos, mas sempre se mantendo por perto.
13 – Deixe a bicicleta levar naturalmente; este é o segredo. Não lute contra o equilíbrio natural da bicicleta.
IMPORTANTE!
- Se cair, levante! Não há nada mais natural e comum quando se está aprendendo uma nova habilidade.
- Não precisa ter vergonha nem medo de fracassar! Ninguém vai sorrir com deboche.
- Pare e descanse de vez em quando. Tentar até a exaustão é contraproducente!
- Essas dicas são fruto das duas oficinas Aprendendo a Pedalar ministradas pelas Pedalinas. Não há regras, apenas algumas constatações!
- Nos inspiramos nas dicas incríveis do mestre Arturo Alcorta. Vale a pena ler a sessão do site Escola de Bicicleta que fala sobre isso!
Locais em São Paulo
As duas oficinas foram realizadas na Praça conhecida como Praça Vegana – onde a Angélica encontra a Paulista. Lá tem um espaço bacana, sem muitos obstáculos, sossegado, com pequenos declives e (a melhor parte) uma frutaria bem pertinho!
Outro lugar legal é o elevado Costa e Silva, mais conhecido como Minhocão. Lá tem espaço de sobra e pontos interessantes de declives de todos os níveis. Ele fica fechado para carros – e aberto para pessoas – diariamente a partir das 21:30 e aos domingos e feriados o dia todo.
Artigo escrito por ALINE CAVALCANTE